A Morte do Esporte Feminino

Ciência mostra que um homem ainda é um homem, mesmo depois de um ano tomando hormônios femininos.

Foto: Dustin Perry em U.S. Army Reserve (modificada)

O esporte é uma cultura universal. A humanidade ama esportes. Tanto homens quanto mulheres. Infelizmente, as últimas tiveram de batalhar bastante para conquistar seu espaço nas quadras, arenas, estádios e ginásios.

A primeira participação de mulheres em uma Olimpíada só ocorreu em 1900, com 12 atletas femininas que apenas podiam competir em dois eventos, tênis e golfe. Nas Olimpíadas posteriores, a história não foi muito melhor do que isso².

A primeira mulher a correr uma maratona oficialmente, em 1967 (não em Olimpíadas, mas na maratona de Boston/EUA), precisou inscrever-se para a corrida sob o pseudônimo de K.V. Switzer para que ninguém desconfiasse que ela era mulher. Ainda assim, quando descobriram, durante a prova, que Kathrine Switzer era uma mulher, um dos organizadores quis tirá-la da corrida, tentando arrancar seu número de participante no meio da prova³.

Foto: Paul Connell/The Boston Globe em Getty Images

A comunidade médica, à época, acreditava que mulheres não podiam realizar exercícios extenuantes e, caso o fizessem, ficariam com o corpo do Ronnie Coleman e abortariam seu próprio útero durante a corrida³.

Qualquer semelhança com o que algumas pessoas ainda pensam sobre mulheres e musculação não é mera coincidência.

A decisão sobre as mulheres poderem competir ou não em um esporte nas Olimpíadas cabia aos homens que organizavam os jogos olímpicos. Os esportes que os homens consideravam “femininos” o suficiente podiam ser reconhecidos como eventos esportivos femininos oficiais².

Finalmente, agora parece que os “homens” estão tomando de volta os esportes femininos para si. E o pior é que a maioria dos grupos feministas nem ousa falar nada, pois grande parte das pautas defendidas pelo movimento feminista é comum ao movimento LGBT.

Pelo menos, um estudo recente nos trouxe argumentos sólidos para aquelas que quiserem se opor à participação de homens em competições esportivas femininas.



O Estudo

Pesquisadores suecos queriam saber o quanto a terapia hormonal influenciava nos indicadores de performance das pessoas submetidas ao tratamento após o período exigido para participação em competições.

Segundo o Comitê Olímpico Internacional (COI), homens transgêneros (i.e. mulheres que viraram homens) podem competir nas categorias masculinas sem restrições, enquanto mulheres transgêneros (ou seja, homens que se assumiram como mulher) precisam ter níveis de testosterona abaixo de 10 nmol/l por pelo menos 12 meses antes de competir nas categorias femininas. A Associação Internacional de Federações de Atletismo exige níveis ainda menores (5 nmol/l), além de uma avaliação médica, para permitir a competição¹.

Mas nenhum estudo até agora foi capaz de mostrar que isso era suficiente. Assim, os cientistas examinaram os efeitos do tratamento por 12 meses com supressão dos hormônios endógenos e substituição pelos hormônios do sexo oposto (testosterona ou estradiol) na performance e tamanho muscular e na composição corporal.



Os Resultados

Eles avaliaram os voluntários em 4 pontos ao longo do estudo:

  • No início, antes da intervenção;
  • Após 4 semanas do início da supressão dos hormônios endógenos;
  • Após 3 meses do início da substituição hormonal;
  • Após 1 ano do início da intervenção (1 mês de supressão  + 11 meses de terapia hormonal).


Isto foi o que eles encontraram:

Hormônios

Conforme esperado, os níveis de testosterona caíram significativamente nas mulheres trans (ex-homens) e aumentaram significativamente nos homens trans (ex-mulheres) como consequência da terapia hormonal após 3 meses e depois de 1 ano. O contrário ocorreu com os níveis de estradiol (estrogênio), que aumentaram significativamente em mulheres trans e diminuíram em homens trans.


Composição corporal

A gordura corporal (avaliada por ressonância magnética) aumentou em cerca de 4,5 pontos percentuais (de ~16,3% para 20,7%) nas mulheres transgêneros, enquanto houve uma diminuição na mesma medida nos homens trans (de ~27,5% para ~23%).

A massa muscular, por sua vez, aumentou significativamente nos homens trans (de ~30,5% para ~34,5%), mas não teve mudanças significativas nas mulheres trans (37,8% para 35,5%).

O volume muscular e a área de secção transversa (tamanho) dos músculos da coxa, medidos por tomografia computadorizada, aumentaram 15% nos homens transgêneros, mas diminuíram apenas cerca de 5% nas mulheres trans.

Isso não é uma grande surpresa, já que sabemos que o estrogênio tem efeitos anabólicos e anticatabólicos.


Força

A força nas pernas, que é algo extremamente relevante quando pensamos em esportes competitivos, aumentou entre 12% e 26% nos homens transgêneros, conforme medido por dinamômetro isocinético. Em compensação, as mulheres trans (ex-homens) foram capazes de manter a força que já tinham ao longo dos 12 meses de terapia e supressão hormonal. E isso ocorreu mesmo com uma pequena perda de massa muscular, como vimos acima. Ou seja, a força relativa na verdade aumentou.


Os autores citam que:

“Apesar de grandes mudanças na massa muscular e força dos membros inferiores de homens transgêneros, as mulheres trans ainda eram mais fortes após 12 meses de tratamento hormonal, tanto em valores absolutos quanto ajustados pela altura”.

Detalhe: eles compararam homens que se afirmavam mulheres com mulheres que se afirmavam homens. Agora imagine quando comparamos esses homens com mulheres que não tomam hormônios para ficarem masculinizadas.



O Que Isso Quer Dizer

Embora esse estudo tenha sido feito em indivíduos comuns, e não em atletas, esses dados sugerem que um homem, mesmo após um período de 12 meses de tratamento hormonal, continua sendo um homem (ao menos fisicamente), perdendo pouca capacidade física/atlética nesse tempo.

Seria justo deixá-lo competir contra atletas femininas?

Psicologicamente, ele pode até acreditar que é uma mulher, e até sentir-se como uma, mas é impossível convencer sua biologia disso.

Exceto por algumas atletas mulheres, como Ana Paula Henkel (@anapaulavolei) do vôlei brasileiro, raramente parece ser discutida a participação de homens (transgêneros) em esportes femininos. E isso é um grande erro.

“Mas precisamos incluir e apoiar as minorias e a igualdade de gênero”, eles dizem.

Ok. Só que esse pensamento politicamente correto pode, literalmente, acabar com o esporte feminino. A mensagem que é passada para as atletas mulheres, quando deixamos um homem competir contra elas, é que não nos importamos com uma competição justa, logo homens que se identificam como mulheres poderão tomar seus lugares no pódio.

Se você acha que o “problema” de ter nascido homem não deveria impedir alguém de participar em esportes femininos, pense nisso de outra forma.

Por exemplo, eu gosto muito de movimentos acrobáticos. Sempre procurei me envolver com atividades que tinham alguma forma de acrobacia, como ginástica artística (GA), artes marciais, dança (Bboy), etc. Mas vamos ficar só com a ginástica, que é um esporte olímpico.

Eu sou alto, então minhas alavancas não são as melhores para alguns movimentos essenciais na GA. Pelo mesmo motivo, meu eixo de rotação tampouco favorece a execução de saltos mortais, por exemplo. Eu também sou pesado (em grande parte pela altura), então meus pulsos e outras articulações sofrem muito mais com os impactos e uso repetitivo nos movimentos de GA.

E embora, com muito esforço, eu tenha conseguido adquirir algumas habilidades de GA (ou acrobáticas no geral), eu entendo que jamais poderia chegar no alto nível (provavelmente nem mesmo em nível amador) desse esporte. E está tudo bem. A gente parte para outra.

Trata-se de um problema estrutural que eu não posso mudar. Eu não posso ficar mais baixo simplesmente por querer competir na GA.

E um atleta masculino mediano deveria poder competir em alto nível contra mulheres simplesmente por identificar-se como mulher?

Pegue o exemplo de “Hannah” Mouncey (anteriormente Callum Mouncey), um atleta australiano de handebol do sexo masculino, que se identifica como uma mulher, tem 1,90 m de altura e pesa 105 kg. Você acha justo que “ela” possa competir contra estas mulheres?


Não precisa responder agora.


Embora as pesquisas nessa área ainda possam evoluir bastante, até o momento a ciência vem nos mostrando que isso seria uma competição injusta.

E se o objetivo da ciência é primeiro não causar mal, as exigências para participação de atletas transgêneros em competições esportivas femininas deveriam ser revistas imediatamente.

Caso contrário, estaremos bem perto de pendurarmos a cabeça do esporte feminino na “sala da extinção”, ao lado dos mamutes, dos tigres dente-de-sabre e das fitas K7.



Fontes:
1. Wiik A, Lundberg TR, Rullman E, et al. Muscle Strength, Size, and Composition Following 12 Months of Gender-affirming Treatment in Transgender Individuals. J Clin Endocrinol Metab. 2020;105(3):e805-e813. doi:10.1210/clinem/dgz247
2. JCRWS. Women’s Sport History. Japanese Center for Research on Women in Sport. https://www.juntendo.ac.jp/athletes/en/history/
3. Betancourt B. The Runner Who Hid Her Gender to Be the First Woman in the Boston Marathon. Vice: Identity. 2019 Mar. https://www.vice.com/en_us/article/vbwk5b/boston-marathon-first-woman-runner-kathrine-switzer

1 Comentários

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