Saiba como o treinamento resistido em idosos é capaz de reverter o envelhecimento muscular.
Foto: Brisbane City Council em Flickr.com |
Envelhecer
é inevitável.
Não
há o que fazer. Quer você queira, quer não o tempo vai continuar passando.
E
com isso, todos nós vamos ficar mais velhos.
Exceto o Benjamin Button, que é o único ser humano que vai ficando mais jovem com o passar dos anos (aquele desgraçado, filho da mãe).
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Exceto o Benjamin Button, que é o único ser humano que vai ficando mais jovem com o passar dos anos (aquele desgraçado, filho da mãe).
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O
processo de envelhecimento humano está associado com atrofia muscular
(sarcopenia), fraqueza e incapacidade funcional, entre outras mazelas trazidas
pela idade, como trocar o nome das pessoas e esquecer se já almoçou hoje.
Depois
dos 40 anos, estima-se uma perda de força muscular de cerca de 1% ao ano,
possivelmente acelerando com o passar das décadas.
Em diversos estudos foi reportada perda de
força entre 20 e 40% na sétima e oitava décadas de vida. Aos 90 anos ou mais,
as perdas chegaram a superar os 50%.
Estima-se
que aproximadamente 7% dos idosos acima de 70 anos sejam afetados por uma
sarcopenia funcionalmente debilitante com redução na força, massa muscular,
mobilidade e independência. Após os 80, esse número sobe para 20% ou mais.
(Alerta
de Spoiler) Já sabemos que Benjamin Button vai acabar de fraldas, sem conseguir
caminhar e totalmente dependente dos outros no final de sua vida.
Quanto
ao resto de nós, pelo menos, parece que temos uma escolha, já que, segundo os achados de um grupo de cientistas norte-americanos,
podemos rejuvenescer. Ao menos em nível muscular.
Chupa,
Benjamin Button!
O que eles fizeram?
O
estudo envolveu a análise do perfil de expressão gênica de amostras de tecido muscular
de idosos, retiradas do músculo vasto lateral (da coxa) antes e depois de uma
intervenção de 6 meses de treinamento resistido (isto é, musculação), comparando com uma
amostra similar retirada de indivíduos jovens.
Os pesquisadores foram capazes de mapear 596
genes associados ao envelhecimento muscular, alguns com expressão aumentada e
outros com sua expressão reduzida com a idade.
Além
disso, os cientistas identificaram que 179 desses genes eram afetados
positivamente em resposta ao exercício.
Os
indivíduos participantes do estudo eram todos saudáveis e apresentavam nível de
atividade física semelhante.
O
grupo de idosos possuía 25 indivíduos, média de idade de 70 anos, todos
fisicamente ativos, sem doenças conhecidas ou uso de medicamentos que afetassem
os dados analisados e sem experiência prévia em treinamento resistido.
O
grupo jovem correspondia a 26 indivíduos saudáveis, média de idade de 21 anos,
pouco ativos em relação à sua idade, ainda que não fossem sedentários.
Os
pesquisadores ainda avaliaram a força muscular dos extensores de joelho da
perna direita (quadríceps), verificando que a mesma era 59% menor no grupo de idosos quando comparada
ao grupo jovem.
Após
os testes, 14 (dos 25) idosos realizaram um programa de treinamento resistido,
executado duas vezes por semana em dias não consecutivos, durante 26 semanas.
O
treino foi progressivo, iniciando com 1 série de 10 repetições com carga equivalente a 50% de 1
repetição máxima (1RM) e progredindo até 3 séries de 10 repetições com 80% de
1RM (que era reavaliado a cada 2 semanas). A cada sessão eram executados 10 a 12
exercícios, compreendendo os principais grupos musculares.
E o que eles encontraram?
Ao
término do treinamento, o grupo de (14) idosos obteve um aumento na força
muscular de aproximadamente 50%, diminuindo a diferença de força em relação ao
grupo jovem de 59% para 38%.
Os
pesquisadores esclarecem que os resultados iniciais das análises musculares mostraram um
declínio da função mitocondrial com o avanço da idade. A mitocôndria é como uma
usina energética da célula, cuja disfunção pode levar à morte celular
(apoptose), ocasionando, em células musculares, perda de massa muscular e diminuição
funcional, algo comumente visto em idosos.
O
mais interessante é que, após a intervenção, os genes associados ao
envelhecimento e positivamente afetados pelo exercício demonstraram uma notável
reversão, voltando a níveis semelhantes aos de indivíduos jovens.
E o que isso significa para mim?
Segundo
as palavras de um dos autores:
"O
fato de que o perfil genético deles (idosos) sofreu uma reversão de curso tão
dramática dá crédito ao valor do exercício físico não apenas como um meio de
melhorar a saúde, mas também como um meio de reverter o próprio processo de
envelhecimento, o que é um incentivo adicional para a prática de exercícios
físicos a medida que ficamos mais velhos".
Já
sabemos que o treinamento resistido resulta em aumento de força, massa muscular e melhora
na capacidade funcional, tanto em jovens quanto em idosos. Além disso, a prática de
exercícios físicos está associada a um menor risco de mortalidade/morbidade por
diversos fatores, especialmente em idosos.
Com
os dados desse estudo, agora sabemos que os exercícios resistidos são uma
poderosa ferramenta para reverter, e provavelmente prevenir, o envelhecimento
das células musculares.
Logo:
Se
você tem menos de 40 anos e acha que nunca vai envelhecer, por favor, pelo menos mostre
esse artigo para alguém que esteja precisando. E não se esqueça dele daqui a
algumas décadas.
Se você tem mais de 50 anos e já pratica musculação ou outra modalidade de
treinamento de força, saiba que já está no caminho certo. Basta manter a prática,
especialmente durante as próximas décadas de vida.
Pode ser até que você passe a se sentir mais jovem. E a ciência, agora, comprova isso.
Fonte:
Melov, Simon et al. “Resistance exercise reverses aging in human skeletal muscle” PloS one vol. 2,5 e465. 23 May. 2007, doi:10.1371/journal.pone.0000465
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